Eu mordo os dedos pra me manter aqui. Morde e não assopra, me deixa sentir o ardor. Deixa eu controlar minha boca pra ignorar você. Negar suas palavras. Palavras e silêncios que jamais se encontrarão? Por que eu me prendo com os dentes para não encontrar sua boca? Ainda que compartilhemos a mesma garrafa de cerveja, o mesmo fumo... O que impede de ir mais fundo? E por que, ainda assim, me mordendo para não te encontrar faço questão de estar a par da sua vida, comum como a minha? Dos seus sonhos, altos como os meus? Como é que eu falo tanto e calo o que mais quero? Eu mordo os dedos, os lábios e a língua pra me manter sóbria ao seu lado, e ficar, mas mesmo lúcida, mesmo marcada e calada eu vou. Não serviram de nada as minhas marcas de dente na mão, só de lembrança da força que faço para não cogitar você as mordendo. Minhas mordidas não serviram de nada e agora as marcas vem carregadas de uma lembrança de mais vontade que repulsa.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
O navegar no oceano é sempre novo, ainda que já navegado
Quero que passeie por mim com dedos leves e curiosos. Com o medo e a vontade de menino que pela primeira vez é apresentado ao amor. Entrego-te meu corpo desnudo e leve para experimentá-lo sem pressas ou pressão. Engana-se quem acha que amor bom só se consegue pela força. Espero que tenha calma e atenção quando encostar no meu corpo com o seu, pois faço questão de que amemos surdos, quero me privar dos seus gemidos e você dos meus. Concentrando-se no silêncio, verá que o corpo fala sem gritos e mostra seus maiores desejos sem mapas. Não gostaria de resumir nosso amor a uma navegação antiga onde navios se guiam por bússolas para chegarem com precisão na terra desejada. Gosto que vá me navegando sem rota para um destino indeterminado. Gozo da surpresa de um novo sentir em lugares não habitados. Feche seus olhos ao vir me amar, para que a visão do meu corpo se juntando ao seu não seja maior que o prazer de seu toque ao sentir meus pelos eriçados. Sejamos visionários e lunáticos buscando algo extra-corpóreo-sensorial, delicado e sensual mas vibrante e nervoso como toda primeira vez que se mistura vontade e espera, pele e alma.
sábado, 25 de outubro de 2014
Os impulsos do inconsciente ativo: karma, cama, alma, carne
Não sei escrever bonito,
Ou fantasiar a tristeza,
Quando tudo que me roda me assusta.
Me enjoa.
Me atordoa.
Pensar que parte sua
Você quis não repartir comigo.
Pesar
Que o que eu sou não basta
E você, bem ou mal,
Se castra,
Pra ser fiel à sua ideia de amor à mim.
Preferia ser só carne em liquidação,
Qualquer pedaço alheio que não valesse nada.
Vale-refeição
Que você come,
Sem importância,
Num dia qualquer.
Por você;
Acreditei num nós incoerente,
Você me vendo através do mundo,
Alguém pra se acender velas num jantar romântico.
Até apagar as luzes...
Mostrar o outro lado da moeda.
Seus outros quereres.
Não te culpo,
Ou desculpo,
Por não querer só eu.
Só que o que faço agora,
Com meu pedaço de carne,
De karma, de alma
Que em pratos limpos,
E em noites calmas,
Te entreguei de bandeja?
Você tem fome,
Eu entendo...
Como se satisfazer só com o pedaço,
Cheio de nervos,
Sangrando de medos
E erros
Que sou?
Pequenos conselhos irrelevantes de quem enxerga de cabeça pra baixo
Se é pra viver que se viva. Que se foda. Que se ame loucamente. Que se chore do amanhecer ao escurecer. Que se cure. E recupere a dor. E que possa, vez em quando, dormir em paz. Mas sobretudo, que se deixe ir. Profunda e intensamente pra onde a vida gritar.
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