
Me enjoa ficar sem você ao toque das minhas mãos. Dentre a infinidade de dedos que poderia entrelaçar, não consigo me ver segurando outros que não os seus. Há algo de mágico que não sei explicar quando sinto seu corpo, tenho febre. Caio de cama pra não levantar, como se você trabalhasse num truque pra me enfeitiçar sorrateiramente em cada encontro nosso. Ao mesmo tempo, sem explicações, você encontra até agulha no palheiro pra me repelir. Você dança comigo sem parar, indo e voltando, me puxando pra você e me empurrando para trás. Me pergunto, mais uma vez, o que me encanta tanto na dor pra que eu permaneça nessa dança mesmo com os pés cansados? E o que você me dá de sobra que falta no resto no mundo? Já sofri de não-amores que me machucaram muito ao partir, mas no fundo, nunca duvidei de que a partida era o que de melhor poderia ganhar, mas e agora que sofro de amor, devo agradecer a alguém por ter amado? Te devo um obrigado e um cartão de parabéns por ter me feito água nas suas mãos? Por ter me mostrado que mesmo depois do medo, depois do escuro, depois do orgulho, ainda assim iria deitar aos seus pés, trançar seus cabelos, sorrir e calar? O que eu te devo por provar que ao contrário do que todos diziam foi sim possível fazer eu me apaixonar por você? Calma, não vou te fazer essas perguntas, sei que você tem medo de tudo que não consegue explicar, aí corre, tenta afastar. Ou não. Ou talvez o problema seja eu achando que sei de tudo quando nem sei quem você é, mas não me importa, só me conta... Me conta qualquer coisa sobre o seu dia chato, me deixa olhar você dormindo por horas... Só deixa... Só para de querer me deixar. Só.